Conheça e se inspire:  Arthur Blaj, criador da LIVO e Além.

Conheça e se inspire: Arthur Blaj, criador da LIVO e Além.

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“Tenho a visão que marcas são narrativas digitais que usam a internet e tecnologia para se aproximarem da sua comunidade, dos seus clientes e trazem soluções legais e inovadoras como boas propostas para eles.”
Influenciado pela história de seus próprios familiares, Arthur Blaj deu início à sua carreira como empreendedor ainda bastante jovem, em uma transição profissional. Ele sabia que encontraria desafios e experiências marcantes. Graças às suas pesquisas e ao olhar estratégico, hoje ele lidera duas marcas de peso e, nessa entrevista especial para o Jornal Catarse, Blaj conta como foi esse processo para que as marcas chegassem onde estão. Confira: 
Arthur, de onde veio a sua veia empreendedora? Tem alguma inspiração na família? 
Sim. Meus dois avôs (paterno e materno) eram pessoas empreendedoras e super batalhadoras que correram atrás. Meu avô paterno é refugiado de guerra, chegou aqui sem nada e o meu avô materno teve uma infância bem simples. Então eles são uma inspiração pra mim!
Como surgiu a ideia de empreender?
Eu comecei a trabalhar no mercado financeiro com 18 anos e resolvi mudar de carreira depois de 5 anos, ou seja: eu era um jovem de 22 ou 23 que só tinha feito a mesma coisa por todo esse tempo. Então qualquer mudança de área significava recomeçar do zero. Neste momento eu entendi que, se era para reiniciar de alguma maneira, seria melhor empreender e recomeçar para mim do que seguir em uma carreira executiva em algum lugar. Então decidi que iria começar um negócio antes de saber qual seria. Foi assim que eu virei aquelas pessoas que saem investigando de tudo.
Quando eu fiz essa mudança de carreira, quis trocar de óculos de grau. Só tinha um que usava para trabalhar e queria um modelo que combinasse comigo fora desse mercado tão sério. Fui numa loja famosa aqui no shopping Iguatemi para comprar de uma marca europeia que eu adorava. Era uma marca super lifestyle de cultura, de moda e tal. Quando eu cheguei lá, quase caí para trás com tudo o que aconteceu. O primeiro susto foi com o preço surreal. Segundo, foi porque um senhor de jaleco, que estava super treinado para um atendimento técnico de ótica, me atendeu, mas não sabia nada sobre a marca - que era super cool e descolada - para mim, a parte mais relevante daquela compra.
Ao fim, olhei em volta e me dei conta que a loja parecia uma farmácia. Não existe certo e errado, mas era uma experiência de compra que não funcionava para o meu perfil, um jovem que queria comprar uma marca descolada sem preços exorbitantes. Naquele momento eu entendi que tinha alguma coisa a ser investigada ali. 
Cheguei em casa e pesquisei no Google “why are glasses so expensive” (porque óculos são tão caros?). O primeiro resultado foi um artigo de revista falando sobre um certo monopólio de uma grande indústria óptica europeia, onde todas as marcas famosas que a gente conhece são de propriedade deles. Eles são donos da Sunglasses e da Óticas Carol. Nos Estados Unidos e na Europa existe seguro oftalmológico, pois são donos da seguradora.
Alguns anos atrás, eles se fundiram com o maior fabricante mundial de lentes e viraram uma potência global bizarra em termos de tamanho, faturamento e controle de participação de mercado. E então, enquanto outras indústrias se renovaram para modelos de distribuição mais acessíveis, mais leves e fazendo as coisas chegarem mais baratas para o cliente final, o modelo ótico continuava muito antiquado, com muitos intermediários e com esse gigante impedindo o surgimento de coisas novas e mais interessantes para os consumidores.
Nessa mesma pesquisa, conheci algumas empresas de fora do Brasil que já estavam começando no setor. Já havia uma europeia que estava criando um e-commerce de vendas para sua própria marca de óculos. Produtos de qualidade que eram vendidos por um terço dos valores de óculos de design em boutiques. Então foi incrível! Já havia descoberto porque óculos eram caros e já tinha referências de empresas que estavam fazendo diferente.
Passei um ano aprendendo tudo que dava, montando a marca e desenvolvendo os produtos. Em novembro de 2011, coloquei o e-commerce no ar.
Quais foram as maiores dificuldades no início da sua trajetória como empreendedor?
Acho que é o que mais atrapalha todo mundo: saber ter foco, onde investir melhor o tempo e garantir que estamos trabalhando para resolver questões realmente relevantes do negócio. A gente perde muito tempo perseguindo coisas que não geram muito valor quando não tem muita experiência ou uma visão muito clara.
O que te levou a apostar em segmentos tão distintos para investir?
Tenho a visão que as marcas são narrativas digitais que usam a internet e tecnologia para se aproximarem da sua comunidade, dos seus clientes e trazer soluções legais e inovadoras como boas propostas para eles. Por isso, quis apostar em diferentes segmentos para conversar com diferentes pessoas e marcar presença em diferentes situações.
Quais estão os desafios enfrentados com a pandemia – em cada um dos seus negócios?
Com a Livo, a instabilidade dos shoppings abrindo e fechando, mas ficamos muito felizes em conseguir nos manter próximos da nossa comunidade pelo e-commerce e pelos canais digitais. Na Além, o desafio virou oportunidade. Estamos mudando totalmente de negócio, viramos a primeira plataforma do mundo focada exclusivamente em viagens virtuais, mas ainda estamos em MVP! Em breve, mais novidades!
Arthur, para finalizar: se você pudesse dar um conselho para um jovem empreendedor, qual seria?
Todo negócio é uma marca, você pode não querer, mas é. O jeito que você fala, o preço que você pratica, como você e o tipo de pessoa que você contrata são, tudo isso deixa sua marca, e então vem o nome Brand. Vem do jeito que você marca as pessoas, então você é uma marca, assim como todas as áreas da sua empresa, operações, logísticas... É melhor fazer as coisas com intenção e processos do que deixá-las acontecer naturalmente.
É necessário entender porque essas pessoas comprariam e se relacionariam com você. Quais são as dores que elas têm para resolver esses problemas que você quer solucionar hoje? Quais são os possíveis ganhos emocionais que você pode gerar para elas? A partir disso, você começa a pensar em uma série de alternativas e comportamentos que pode ter para atender a este público e também o problema que ele tem. Agora, você tem um primeiro plano de onde pode levar sua marca, que se torna um guia pra fazer o seu prisma de identidade, onde você define sua personalidade, cultura e experiência que pode proporcionar a quem consome o produto ofertado. Tudo isso se torna sua intenção de marca e determina uma série de iniciativas para serem executadas e que garantem que suas intenções estão sendo representadas. 

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